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Mostrando postagens de 2016

No espaço entre o fim e um novo começo.

A verdade é que nenhuma dor é eterna, assim como nenhum amor, contrariando a certeza que carregamos no auge dos vinte e poucos. É só o amor acabar que a dor se inicia, e assim perdura até que outro amor apareça trazendo um alívio quase imediato. E a gente esquece, como se nunca tivesse se machucado antes. Volta a sonhar acordado, a escutar músicas e a lembrar do sorriso, a sentir um cheiro e lembrar do calor da pele do outro. E um dia acaba de novo, e a dor volta, mais forte e latejante. E então um dia a dor passa, sem outro amor chegar, cansada de tanto insistir. E você percebe o quão importante são as pausas que a vida dá de vez em quando. É o momento de plantar, de investir na sua felicidade, nos seus sonhos, de aprender algo novo, de aprender a ser livre. E poucos realmente são livres.  A maioria das pessoas estão acorrentadas ao passado, com alguma dor que ainda lateja, ou alguma ferida que ainda não cicatrizou, e é por isso que há tantos feridos soltos por aí, ferindo e

Colidindo sensações...

Sozinha ela ficou parada na calçada, olhando para o mar, pensando que aquela teria sido a última vez que alguém a deixaria plantada a esperar. Nunca mais, voltou a prometer a si mesma. Qual era o problema dessa nova geração, que buscavam pokémons feito zumbis, mas não sabiam respeitar horários e promessas? Foi quando ele chegou, trazendo o sorriso lindo que fizera ela se apaixonar, e uma flor que provavelmente havia roubado de algum jardim da vizinhança. Ele tinha seis anos a menos que ela, o que fazia a insegurança dela aumentar em 200%. Nos quinze minutos que ela ficou esperando, pensou que ele havia cansado, arranjado outra no caminho, desistido dela e da promessa de passar aquela noite juntos. Mas não, ele estava ali, mais lindo e mais cheiroso do que ela lembrava, já estavam alguns dias sem se verem, e ela estava radiante e ansiosa pela sexta-feira desde a terça. Ele seria todo dela, mesmo que por algumas horas apenas. Ela seria aquela que ele buscava, mesmo que por algumas hor
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Talvez essa vontade de ter você passe com uma caixa de bis branco.

O quanto dói não se amar?

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Ela não sabia que faltava amor. Pelo contrário, amava demais, só não sabia que o amor que faltava era o amor próprio. Achava que a beleza e a sorte trariam o seu grande amor. E realmente trouxeram, não um, mas varios. E entre um amor e outro, quando o fim chegava, sempre se perguntava o que havia de errado com ela? Ela que se dedicava, que conseguia ser amiga e amante sem perder a hora de entrar e sair de cena em cada personagem, o que ela fazia de errado afinal? Lembrou do primeiro namorado, que não tinha muito jeito, mas que fazia qualquer coisa por ela. Tinha gostado dele pela forma como ele a tratava. O que tinha de errado? Ela era muito simpática e ele era muito ciumento, principalmente depois de algumas doses de álcool. Com o passar dos anos o ciúme e a falta de jeito ficaram cada vez mais frequentes, tornando-se insuportável estarem ao lado um do outro. Terminaram. Ele terminou. Ela chorou, mas agradeceu. O tempo passou, outros passaram, a história se repetia, ciúmes, falt

Anotações

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Ame-se muito, mas não ao ponto de se tornar arrogante. Tenha planos, mas dê espaço para o acaso te mostrar que sair da linha, as vezes te faz encontrar o rumo. Queira ser mais do que ter e agradeça por tudo que tiver. Preocupe-se em ser, do jeito que é, do jeito que for. O tempo irá curar as feridas ou irá te afastar de quem te machuca. Você escolhe, recolhe ou se encolhe.

Urgências

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A vida é muito curta e o tempo passa muito rápido. Por isso essa urgência em fazer o que gosto e essa pressa em ser feliz. Só gasto tempo e energia com o que me torna melhor e me faz bem. A todo o resto eu destino o meu pedido de que encontre logo a paz que permite aceitar e entender que os outros são do jeito que são. Não que eu também não tenha meus dias de tempestade e revolta, mas eles têm sido cada vez mais curtos e espaçados, porque ser feliz tem muito mais a ver com escolha do que com conquistas. Sou grata a tudo que já me aconteceu e a todos os que tive o prazer de cruzar, afinal sem isso não estaria onde estou e nem seria quem eu sou. A vida é escola, às vezes você é aluno, às vezes professor, mas sempre tem lição a ser aprendida.

Porta aberta

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A cada semana uma história nova, nem ao menos tentava esconder a falta de profundidade dos seus sentimentos, deixava claro logo no início que não esperava futuro de nada. Essa história seria arquivada como muitas outras já foram. Coração de pedra. As palavras dele ainda ecoavam na sua mente. Ela não era assim, mas não estava a fim de provar nada a ninguém. O número de possibilidades diminuíam a cada troca de lua. E a cada lua cheia a profecia se perpetuava. A frieza da lua seria a frieza dela. Agora tinha grades, onde antes nem existia janela. E não adiantava forçar a porta, que só se abria quando ela resolvia deixar alguém entrar. Isso acontecia de tempos e em tempos, e logo após fechar a porta ela já se arrependia da ideia. Seria possível sentir novamente algum dia? O fato de não acreditar muito não encerrava a busca. A curiosidade era sempre maior do que a descrença. E nessa busca desorientada acabou saindo e deixando a porta aberta. Sempre voltava para conferir, mas naquela

Mudei meu discurso, mudei o rumo.

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Pensando bem vou mudar o meu discurso, a partir de hoje não sou meia, sou inteira, sou completa, sou complexa e gosto assim. Pra me ler é preciso inteligência, tanto mental, quanto emocional. Não sou pra um qualquer e não gosto de qualquer um. Me ganha quem merece, descobre quem insiste. De loucura já basta a minha. Procuro quem me cure, mas não com tanta urgência. Minha loucura é companhia, melhor que muitas que já cruzaram meu caminho. Quando sinto o perigo, me afasto. Quando percebes já não estou mais ali. Me abro e logo me arrependo e então me fecho, voltamos a estaca zero. Melhor assim. É preciso preservar os sentimentos. Tem muita carência disfarçada de gentileza no mundo. No fundo, tudo que é em excesso me causa arrepios, me assusta e me faz correr em direção oposta. Porque sou uma louca que aprendeu a se deixar em paz, em um mundo que anda cheio de gente que finge ter paz, mas que transborda a alma doente. Acho que já mudei o meu discurso. Eu quero liberdade, paz e um pouco

Uma estrangeira numa terra estranha perdida no meio do mar.

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Andava a vagar, de porto em porto, buscando um lar, ou qualquer coisa que pudesse lhe dar a sensação de estar de novo em casa, ou quem sabe ser a própria casa. Vagava feito cachorro de rua, que cheira todos os postes mas não para em nenhum. Sentia que a sua casa poderia ser qualquer um, mas ao se aproximar descobria que estava longe de ser. Sentia carência, mas não se entregava. Sentia saudade, mas não ligava. Sentia amor, mas nunca demonstrava. A aparência enganava, e muitas vezes foi taxada de ter no peito um coração frio e gelado. Até poderia estar, mas nem sempre foi assim. Era mais medo de se machucar de novo do que qualquer outra coisa. E com tanta interpretação errada, parou de argumentar. Aceitou e fim. Talvez não fosse a hora. Talvez não estivesse pronta ainda. Quem sabe se um dia estaria? Não sei. Só sei que quando ela olha pro céu os olhos dela voltam a brilhar como antes. Antes de toda a dor, sabe? Quando ela olha pro céu ela sabe que existe um porto para ela se acomod

O amor é a alma do negócio.

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Não existem contratos. Nada, além do amor, pode unir as pessoas. O resto é distração. Deixa-se de amar os outros por eles não serem do jeito que gostaríamos que fossem, mas eles são obrigados? Existe alguma cláusula, lei ou contrato que diz isso? Queremos ser amados, mas  esquecemos de amar. É como querer ser sarado e não malhar, ou como querer que a fome passe sem comer. A lógica é justamente o oposto. É preciso amar antes. É preciso amar os outros, a ponto de deixá-los livres para serem eles mesmos. Se você ama alguém com qualquer tipo de "mas" ou qualquer outra restrição, sinto informar que já deixou de ser amor faz tempo, se é que um dia já foi. O que deve ser entendido é que amamos o outro, não por estarmos acostumados a ele, mas por estarmos acostumados com o amor. É a necessidade mais profunda, a busca da vida toda. É a essência que move o mundo. Buscamos o amor desde que nascemos. Primeiro nos pais, depois na escola, nos amigos, no sexo oposto, na profissão, no anda

Passou

Antigos padrões, coisas que faço e falo sem perceber. Dificuldade de deixar alguém se aproximar. Casca impenetrável. Aos poucos tudo vai mudando, e o que um dia eu fui já nem me lembro mais. Detalhes de uma vida perdidos para sempre nas arestas da minha memória cansada de lembrar. Uma proteção absurda para fugir de algo que nem sei se machuca. A doçura misturada à estupidez, tão familiar e ao mesmo tempo tão repulsivo. Quero e depois não quero mais, atraio com a mesma força que repilo. Te testo, te uso, te jogo fora, te esqueço. Depois te lembro e te busco, rezando para você não ter mudado de ideia, rezando para eu não mudar de ideia de novo. Mas eu mudo, e eu fujo. Saio correndo e te encontro virando a esquina. Você sempre tão doce, eu sempre tão ogra, e de alguma maneira estranha formamos um belo par. Que dupla, que fôlego. Amanhã tem mais, e talvez na próxima semana também. Por mim tanto faz, o inverno está aí e talvez já esteja mesmo na hora de dar adeus ao que passou. Passou!

Até quando der.

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Dá pra sentir saudades apenas das coisas que foram boas? Dá pra esquecer tudo aquilo que não foi? Dá pra cutucar uma ferida sem sangrar? Dá pra revirar o passado sem sentir mágoa? Dá pra saber se vou sentir tudo de novo? Dá pra saber se falta muito? Infelizmente (ou não), algumas coisas são imprevisíveis, e é humanamente impossível tentar interceptar os próximos passos. Eu, ansiosa que sou, quero tudo contado e explicado, mil vezes se possível, porque não gosto de surpresas e não quero ser pega despreparada. O tempo tem custado a passar, e quanto mais lento, mais sofrido. É como se eu estivesse sentada num banco em uma avenida super movimentada. A vida acontecendo, as pessoas passando, algumas apressadas, algumas correndo, outras num passo mais lento, carros buzinando, pessoas gritando, xingando, reclamando, cantarolando. Mas todas indo ou vindo. Talvez a única que esteja parada seja eu. Parada no tempo. Parada no banco. Parada procurando. Parada esperando. Parada estratégica. Talvez

Detalhes atemporais

Lá fora a chuva cai de mansinho, tentando dizer que é inevitável que algo permaneça intacto por tanto tempo. A vida é cíclica, e de tempos em tempos ela faz uma volta e me leva de volta ao ponto de partida. Talvez seja para me mostrar o quanto mudei nos últimos anos. Antigamente gastava energia com coisas e pessoas insignificantes, hoje guardo essa energia para situações da vida que sei que é inevitável fugir. E com tantas mudanças e voltas, algumas coisas insistem em permanecer intactas aqui dentro. Meu coração resiste bravamente ao tempo, um pouco incrédulo, um pouco assustado, mas inteiro e incapaz de se entregar. Talvez o caminho agora seja outro. E eu que tantas vezes quis te encontrar, agora rezo para não te ver tão cedo. A vida acata por ser generosa comigo. O tempo agradece para poder curar as feridas. E eu em meio a isso tudo? Eu não me importo mais.

Sem vestígios

Ela sempre quis escrever a história sem deixar vestígios nas entrelinhas, assim envolveria o leitor em seus personagens e a vida dela seria prontamente esquecida. A relação com os livros veio desde pequena. Cresceu rodeada deles, e na faculdade adorava ir à biblioteca, passando horas escolhendo quais levaria para casa. Sempre teve dificuldade em escolher, ainda mais diante de tantas opções. Os colegas achavam exagerado o número de livros, mas eles sabiam que ela lia porque quando perguntavam ela contava a história com o olhar brilhando. Um jeito tolo de fingir ser quem não é, ou de aparentar ser mais forte do que falam por aí. Qual a finalidade desse jogo de esconder, se no fim ela só quer ser encontrada? Talvez tenha entendido que se não falasse nada, nada poderia ser repetido. Que se calasse, seria mais feliz. Que se ninguém soubesse, tudo aconteceria exatamente como ela havia planejado. Entendeu errado e agora mal conseguia ficar em pé. Não conseguia nem ao menos prender suas vont