Porta aberta



A cada semana uma história nova, nem ao menos tentava esconder a falta de profundidade dos seus sentimentos, deixava claro logo no início que não esperava futuro de nada. Essa história seria arquivada como muitas outras já foram. Coração de pedra. As palavras dele ainda ecoavam na sua mente. Ela não era assim, mas não estava a fim de provar nada a ninguém. O número de possibilidades diminuíam a cada troca de lua. E a cada lua cheia a profecia se perpetuava. A frieza da lua seria a frieza dela. Agora tinha grades, onde antes nem existia janela. E não adiantava forçar a porta, que só se abria quando ela resolvia deixar alguém entrar. Isso acontecia de tempos e em tempos, e logo após fechar a porta ela já se arrependia da ideia. Seria possível sentir novamente algum dia? O fato de não acreditar muito não encerrava a busca. A curiosidade era sempre maior do que a descrença. E nessa busca desorientada acabou saindo e deixando a porta aberta. Sempre voltava para conferir, mas naquela noite resolveu que já estava na hora de acabar com aquela velha mania. Saiu sem rumo e sem hora pra voltar. Talvez nem voltasse mais. Pensou até que aquela casa velha já não servia mais. Mas ela voltou, e na volta encontrou a porta aberta, a casa revirada, tudo bagunçado. O amor tem disso também, as vezes entra sem bater, sem pedir licença, e vem bagunçando e revirando tudo. E se você não está disposto a arrumar a bagunça, não esqueça de trancar bem a porta.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Viver é perder cascas continuamente