A menina e o mar

Passei a semana me enrolando para arrumar as malas, e me despedir de cada pedaço do meu apartamento daqui... Despedidas não são fáceis, isso que nem cogitei a idéia de como vai ser me despedir dos meus pais, sabendo que vou ver eles absurdamente menos agora... Dos amigos, já me despedi no sábado, estavam todos bêbados menos eu... Fui abraçada milhares de vezes, e todos eles já reclamavam das saudades... Eu fingi que estava tudo bem (como sempre)... Porém agora a coisa está ficando cada vez mais real, e de repente me bateu um medo desgraçado, como se grande parte de mim não quisesse mais ir embora, enquanto a outra parte grita desesperadamente que não vai dar tempo de fazer tudo se eu não me mexer... Meu coração está picoteado, essa é a grande verdade... Vou deixar aqui muitas coisas importantes, muitos pedaços meus... Os melhores amigos (sem citar nomes para não correr o risco de esquecer alguém), os meus pais, irmãos e família em geral, mas sobretudo todas as lembranças, sentimentos,

Hoje acordei me sentindo cansada... Cansada de Porto Alegre, cansada da noite, cansada dessa vida mais pra menos do que pra mais... E me peguei pensando em que parte do meu caminho eu perdi aquilo que julgava ser essencial? Quando foi que deixei de acreditar nas coisas que sempre considerei importante? Em que parte do caminho eu perdi a minha ingenuidade (quero ela de volta, AGORA!)?! Por que cargas d'água eu ainda insisto em buscar alguma coisa que eu não sei o que é, e que me faz tanta falta? Mas se eu não sei o que é, por que diabos sinto tanto a falta desse não sei o quê? Sábado fui ao zoológico e olhei pro elefante, lá naquele espaço enorme, cercado de verde, e de um poço bem fundo, sozinho, completamente fora do ninho... E daí me perguntei, que graça tem ser tão grande, tão forte e tão admirado, se ele não pode usufruir daquilo que gosta, ou ir pra qualquer lugar, na hora que quiser? Porque querendo ou não, ele está lá, preso e sozinho, as vezes as pessoas passam por lá, grit