A ignorância é uma dádiva, e Camila sempre acreditou nisso piamente, sempre desejou ser ignorante ao invés de pensante. Quando pensante não conseguia relaxar, não conseguia decidir, não conseguia SENTIR! Quem pensa não sente, quem sente não pensa. Essa é a razão por não conseguir se apaixonar sem perder totalmente a sua cabeça. E logo ela, Camila, mulher inteligente, formada, independente, FAKE! Para os outros a melhor das criaturas, a mais ponderada, tão altiva, tão soberana, tão diva. Camila não sabe desligar a cabeça e por essa razão se chicoteia o dia todo, só desliga perto das onze da noite, quando toma 2 comprimidos de dormonid e apaga. Acordou quebrada, eram cinco da manhã, cara amassada, vai pro banho e volta a se arrumar, a se maquiar, a vestir aquela mulher indomada, aquela santa dos equilibrados e sem vida, e a rotina recomeça, chicotes, massacres, apertões, puxões de orelha. A eterna masoquista começando um novo dia. Só que hoje, ela queria ver o sol nascer, largou o carro