O quanto dói não se amar?

Ela não sabia que faltava amor. Pelo contrário, amava demais, só não sabia que o amor que faltava era o amor próprio. Achava que a beleza e a sorte trariam o seu grande amor. E realmente trouxeram, não um, mas varios. E entre um amor e outro, quando o fim chegava, sempre se perguntava o que havia de errado com ela? Ela que se dedicava, que conseguia ser amiga e amante sem perder a hora de entrar e sair de cena em cada personagem, o que ela fazia de errado afinal?
Lembrou do primeiro namorado, que não tinha muito jeito, mas que fazia qualquer coisa por ela. Tinha gostado dele pela forma como ele a tratava. O que tinha de errado? Ela era muito simpática e ele era muito ciumento, principalmente depois de algumas doses de álcool. Com o passar dos anos o ciúme e a falta de jeito ficaram cada vez mais frequentes, tornando-se insuportável estarem ao lado um do outro. Terminaram. Ele terminou. Ela chorou, mas agradeceu.
O tempo passou, outros passaram, a história se repetia, ciúmes, falta de jeito, briga e fim. Até chegar ao último, aquele que ela achou que era o grande amor da sua vida, exceto pelo fato dele já ser o grande amor da vida de outro alguém e ela ter descoberto isso depois de ter se apaixonado. Foi o que bastou. Iria dar um tempo no amor. Não importava mais qual era o problema dela, talvez o problema não fosse dela. 
Resolveu ficar sozinha um tempo, tentar um curso novo, terapia ou algo do gênero. Estava decidida a dar um tempo no amor. O tempo passou, ela teve dias detestáveis, dias nublados, dias que ela era toda cinza por dentro. Podia ter tudo, mas ainda assim sentia falta de alguma coisa, que nem ela sabia o que era. Terminava um curso e já se matriculava em outro, foi assim que aprendeu inglês, francês, meditação, culinária mediterrânea e história medieval. Em 29 meses ela estava mais inteligente, mas também mais exigente que nunca. Se antes ela aceitava qualquer coisa, agora ela não aceitava quase nada. O tempo no amor tinha dado certo, ela estava solteira, tinha dinheiro e tinha liberdade. E, num dia qualquer, sem nada de especial ter acontecido, ela se sentiu preenchida. Pela primeira vez na vida. Então ela soube que tinha tudo que precisava para chegar em casa no final do dia e se sentir feliz. Não tinha o grande amor da vida, mas tinha um grande amor por ela mesma, pela história dela que a tornava única e pela vida... um grande amor pela vida. Esse amor cresceu e a fez parar de procurar outras metades por aí. Gente pela metade não interessava mais. Queria os inteiros, apesar dos remendos.
O tempo no amor acabou trazendo o amor próprio, que por obsessão procurou a vida toda nos outros. Agora ela amava a única pessoa que ela deveria ter amado desde sempre: ela mesma. Era um amor para muitas vidas ainda. Talvez o único que realmente importe. Descobriu que não existia problema algum com ela, exceto pelo fato que de que antes não se amava. E não se amar dói, faz a gente se envolver com quem também não se ama, faz a gente aceitar o pouco achando que está exigindo muito. Não se amar causa ferida na alma, e ferida que não se trata vira cicatriz que lateja todos os dias. 

Poderia ser a minha história, poderia ser a sua. No fim, eu acho que é a história de todo mundo. Meu conselho do dia, da semana, do ano, DA VIDA: aprenda a se amar
Aceite que você tem defeitos, mas priorize suas qualidades. 
Tente ser melhor a cada dia e não faça mal aos outros. 
Seja gentil e tenha coragem!

***** Após 10 meses escrevendo no celular, voltar a escrever no teclado é maravilhoso. 

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