Supernova



Deveria ser minha forma de interagir com o mundo, de colocar para fora a dor que sinto aqui dentro, mas escrever virou um peso e acho que não estou superando as minhas expectativas. Aliás, já não supero minhas expectativas há tanto tempo, que minha vida se tornou um ir e vir frustrante e reprimido. A dor que carrego no peito não é mais emocional, é dor física. Uma dor que atesta que já amei, mas que comprova que já acabou. E não amar mais, as vezes causa mais sofrimento do que amar. 
Amor vicia, nos apaixonamos por estarmos apaixonados, por quem nos tornamos quando estamos apaixonados, por acharmos que podemos ir até o inferno vinte vezes só porque somos muito corajosos e amamos. Nada feito, você vai ir até o inferno cem vezes e cansará! Não vai se achar corajoso na centésima primeira vez... Pelo contrário, vai se achar um idiota perfeito. Pra desamar só conheço um remédio: abstinência.
Abstinência da pessoa, dos sentimentos, abstinência de lembranças, cheiros, abraços, de tudo aquilo que era bom e que hoje não é mais permitido sentir. Saudade foi feita para matar, mas quem acaba nos matando é ela, e com requintes de crueldade, aos pouquinhos. E tudo que era colorido, aos poucos vai perdendo cor por cor e se tornando um degradê de tons descoloridos. 
Todo mundo sabe que passa, a maldita pergunta é: quanto tempo? Eu quero para ontem, se possível, para a semana passada. Eu quero sentir alívio e não mais tensão. Eu quero amortecer essa dor do peito e seguir aquilo que projetei para mim, mesmo que não passe de mais uma grande ilusão. Mas o que é que eu estou fazendo mesmo? As vezes me perco na curva, as vezes num ombro largo, mas quando chego em casa, apesar de todos os sorrisos que dei na noite anterior, é abraçada no travesseiro que vou dormir, é ele que tem amortecido esse vazio que nem sei o que é. 
É, no final das contas, eu deveria me sentir privilegiada, pois essa dor só comprova o que muitos por aí tentam, em vão, achar... O amor existe sim, as vezes ele dói, as vezes ele faz carícia. Na verdade só é preciso um pouco de coragem, para tentar de novo, apesar de todos os tombos, para sorrir apesar do coração em pedaços, para assumir os riscos que a vida nos impõe todos os dias. 
É preciso viver. 
Viver e amar... 
Viver para amar... 
Amar para se sentir vivo!
Dói, mas passa. Aperta, mas um dia relaxa. Você se lembra, mas um dia acorda e esqueceu. Tudo na vida é lição e, ou a gente aprende e passa para a próxima, ou a gente finge que sabe viver muito bem e chega em casa e chora!


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