Desculpem-me os vazios, mas conteúdo é fundamental.


Sempre gostei das cascas originais. Àquelas com arranhões, defeitos de fábrica, cicatrizes que a vida fez e que acabou as tornando únicas dentre tantas iguais. Tem gente que é só casca. Uma casca bonita, lustrosa, impecável, mas ainda assim, só casca. Já tem outros, com casca tão linda, lustrosas e impecáveis feito os primeiros, mas que são além de casca, conteúdo, preenchido e preenchível, são lindos por dentro e por fora. Ainda existe um terceiro grupo, com uma casca já um pouco menos brilhante, com alguns amassados aqui, rachados ali e que por dentro revelam o seu melhor lado, o que torna a casca mero coadjuvante nessa história.
Existem pessoas que são lindas e que a medida que conhecemos mais a fundo, perdem o seu brilho, tornando-se feias. Gente que acha que o ter é muito mais importante que o ser. Que esquece do passado, das raízes, de onde veio, que tem vergonha da pobreza, do que não oferece luxo, mas que se contenta em viver de lixo. Lixo consumível, aplaudido e empurrado por outros que também só vivem disso. Não condeno, cada um vive do que quiser, cada um escolhe o jeito que quer viver, mas também não me aprochego muito. Acredito que existem simplicidades que ensinam e agregam muito mais valor a vida, e não ao camarote como pensam esses que vivem de aparências. Já acho por demais complicado ser eu mesma, imagine ter que fingir algo que você não é por muito tempo? Quem aguenta? Isso é, além de frustrante, tortura das mais frias e cruéis que conheço. A pessoa precisa para ser aceita no grupo que gosta de frequentar, não ser ela mesma - olha quanta ironia - precisar ter e aparentar o que não tem e não é para ser bem quista pelos outros.  
Eu adoro originalidade, adoro quem diz o que pensa, sem rodeios, mesmo que inicialmente isso nos choque, é sempre bom ter ao lado quem fala a verdade. Falar o que os outros querem ouvir é fácil. Isso nos torna muito simpáticos mas pouco empáticos e nada originais, afinal pouco importa que o outro se quebre, pouco importa porque não sinto a dor do outro e a cara a ser quebrada não é a minha. Dizer o que se pensa é tarefa difícil, muitas vezes acabamos nos tornando pessoas non grata. Dizer o que se pensa tem a ver com ser honesto diante da vida e das situações em que ela nos coloca. Dizer o que pensa ofende e traz algumas inimizades, mas traz amizades realmente fantásticas. Eu não abriria mão de nenhum amigo que tem coragem de me falar o que pensa na cara, mesmo que muitas vezes eu me sinta ofendida ou chateada. Aprendi que a verdade, mesmo que doa, só dói quando é dita e o estrago da mentira é justamente o contrário, ela machuca cada vez que a gente lembra dela. 
Ao meu lado, gosto de ter gente com conteúdo, a casca pouco importa. O que você tem não me interessa, e o que me interessa é o quanto você é generoso, o quanto você se importa, o quanto você se esforça pelo bem de todos. Eu, como boa observadora, estou sempre de olho e sempre selecionando os melhores para estarem ao meu lado, não porque eu ache que mereça os melhores e sim porque quero ser melhor a cada dia, e para isso preciso estar próxima de gente que arranque o melhor de mim. Aqui, conteúdo não é artigo de luxo, aqui educação deve estar sempre junto e não só no diploma no quadro da parede. Aqui, eu gosto de sorrisos sinceros, abraços apertados, gente que preenche tanto a gente, que quando vai embora a gente sente falta. Aqui, quero gente parecida comigo, que busca o mesmo que eu e que sabe que a simplicidade não tem preço, mas tem muito valor.



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