Mais uma de amor

A dor nem sempre lateja, só quando vai chover. O vazio é bem pior e o estrago é muito maior do que se pode ver. Tem noites que mal durmo e quando consigo fechar os olhos é pelo cansaço mental, depois de passar e repassar toda a história. Pela última vez, jurei ontem e vou jurar hoje de novo. Você sabe, eu penso demais e eu sinto demais também. 
Então eu boto uma música, quando a canção ajuda, é a melodia que te traz de volta. Quando eu esqueço, a memória ativa, como se fizesse comigo um joguete. Eu sempre caio e sempre choro. Será que vai passar? Ontem? Amanhã? Quando? 
Estou feito preso, riscando os dias na parede, na esperança de que cada dia a mais, será menos um no final. Sempre penso que amanhã sentirei menos do que senti hoje, e quando o amanhã chega descubro que não é bem assim, que sinto igual e que esse incômodo ainda faz parte de mim. O inverno chegando, o cheiro de dama da noite na porta do prédio, o frio que corta a minha pele e racha a minha boca, agora sem a tua para molhar. 
E a gente se cruza e ninguém imagina o barulho que ainda faz. E eu só querendo silenciar tudo, inclusive meu coração, deixar ele descansar, se aquietar e tentar encontrar outro para ocupar o teu lugar. Mas ninguém cabe nele. Quando vou parar de procurar teu olhar em outros olhos? Minha cabeça não encaixa em nenhum outro ombro. Nenhum abraço me faz sentir o mesmo conforto, o mesmo porto. Antes tão seguro, agora tão distante. 
Toda essa resistência em seguir em frente, todo esse medo de me entregar, toda essa recusa em me mostrar deve ter algum significado além da minha habitual teimosia. Ou então é só o meu coração que se apegou demais ao teu. Não é você, nem sou eu. É só o sentimento que quando te procura e não te acha, acaba me encontrando sozinha, em casa. 
O nunca mais é sempre mais eterno que o para sempre.

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