Crise dos 30

Agora a vida é pra valer, já não tenho mais o tempo jogando a meu favor e qualquer erro parece ser fatal. O tempo é que corre atrás de mim, cobrando agilidade de deusa e querendo que eu coloque tudo nos eixos. É hora de mudar, mas mudar o quê, pra que ou pra onde?

Estou cada dia mais exigente, impaciente, ansiosa e fantasiando feito um louca. Ao mesmo tempo que me sinto uma vencedora por ter passado pelos altos e baixos da adolescência e pela loucura dos 20 e poucos anos, quando eu mudava de ideia a cada troca de calcinha, não me sinto totalmente preparada para embarcar nos 30. Ainda não tenho as certezas que acho que deveria ter, ainda não sei que rumo dar a minha vida, ainda me pego chorando abraçada no travesseiro a noite e me perguntando onde foi que eu errei? Ainda sou a mesma esquisita dos 13, ainda me sinto sozinha igualzinho aos 17, ainda me sinto perdida igual aos 21. Sou o somatório de todas essas com mais algumas que me tornei ao longo dos 20 e que agora me questionam quanto a minha sanidade mental. Olho para o lado e vejo minhas amigas com a mesma idade construindo família, engravidando, com a vida profissional resolvida, enquanto eu continuo remando feito uma louca, na vã tentativa de não deixar a canoa virar. 

A verdade é que daqui para a frente a tendência é que as pessoas se estabilizem e eu estou bem aqui, no olho do furacão, enjoada de tanto girar, girar e girar e sem ter onde pousar. Será que é pedir muito que as coisas se ajeitem? Será que é pedir demais que eu possa enxergar um pouco de sanidade no meio dessa loucura que anda a minha vida? Será que depois de tantos anos com experiências desagradáveis, não estaria na hora de alguma coisa boa finalmente acontecer? 

Para mim, a crise dos 30 virou uma espécie de TPM com duração de 3 anos, se é que isso é possível. Até o comercial de margarina na TV me faz repensar nos rumos que estou dando à minha vida. O meu medo é ridículo, é o medo de que tudo se torne definitivo daqui para frente e por isso tenho feito coisas que fazia aos 20 e poucos, numa tentativa de buscar a minha juventude de volta. Porém, com uma única diferença: acho que aos 20 eu era menos neurótica do que sou hoje, então eu sabia relaxar, me permitia errar, o que não acontece mais agora beirando os 30. 

"Que droga eu estou fazendo da minha vida?", me pergunta a balzaquiana que mora em mim. E como pode uma simples pergunta como essa, me virar do avesso e me maltratar tanto? Foi com essa simples pergunta que minha vida entrou nesse furacão, quando percebi que não havia realizado nada de concreto, que não construí nada meu para o mundo, que não deixei minha marca em lugar algum. 

Só espero que em breve eu consiga sair disso, com aquela confiança característica das mulheres de trinta, que já sabem para onde estão indo e qual rumo pegar na próxima estação. Eu, por enquanto, sigo perdida, apavorada, com o mapa virado de cabeça para baixo e tentando consertar a minha bússola interna, que parece ter estragado em meados de 2010.