Não tá morto quem peleia.
A minha vida sempre foi assim, quando acerto uma área, a outra começa a despencar. Venho desde o final do ano passado lutando pra tentar salvar alguma coisa que preste de todos esses escombros. Primeiro resolvi largar a minha profissão para tentar algo novo, não deu certo, me ferrei, quase me separei, mas no fim tudo se ajeitou. Sou bate e volta, tomo e já saio caminhando pra não perder tempo. Volto pra minha profissão, meu casamento melhora, tudo andando perfeitamente certo, certo até demais. Dois meses depois de recomeçar a trabalhar, descubro que a vaga é temporária e sou demitida no último dia de experiência do contrato. Que bom, trabalhei o verão todo, fazendo mais 100km diários pra ir e vir, calor, gastando o meu dinheiro para almoçar, com mudança agendada pra dali 2 dias de bairro (para ficar mais perto do emprego que havia acabado de perder). Me desespero, choro durante horas no ombro da única pessoa que importa nesse mundo, tenho total apoio dele, me sinto melhor, tiro onda, dou risada, levanto e vou embora. Mudança: saio de um bairro/cidade, para um bairro na cidade. Inicialmente fico encantada, tudo novo, era isso que eu precisava mesmo, mar na saída do prédio, avenida larga e movimentada, pessoas diferentes todos os dias, condomínio com 13 blocos, impossível conhecer todo mundo. Ótimo, cidade grande de novo, tudo que eu tinha em Porto Alegre eu iria ter agora. Emprego: faço uma porção (3) entrevistas, escolho a que gostei mais (a única que gostou de mim também). Feliz, faceira, tudo se encaminhando pro normal. Pimba, detestei o emprego, nada pra fazer, horas não passam, atrás de novo de um balcão, não é pra mim. Tristeza, choro, arrependimento, perguntas. Decido trocar de emprego, foda-se minha carteira de trabalho, foda-se meu currículo, colocarei somente as mais importantes. Quero manipulação, então ligo e mando email para todas as farmácias dessa cidade, sou mais conhecida que o fiscal do CRF. Ótimo, quem não é visto não é lembrado. Faço uma entrevista, a única de manipulação com um cara desesperado, ótimo, fecho, largo o emprego e tiro 2 míseros dias pra praticar o ócio. Começo a trabalhar no dia do meu próprio aniversário, o que eu passei sozinha, porque meu excelentíssimo tinha aula e não poderia faltar. Choro, pior aniversário de todos, me sinto sozinha, completamente sozinha, como se ninguém no mundo inteiro se importasse com a minha existência. Tudo bem, 28 é uma idade boa, eu vou superar. Levanto com o pé esquerdo, achando que é o direito (não sei direita/esquerda), e que a partir de agora, NOW, serei feliz. Doce ilusion.... Passo, com certeza, pelos piores 2 meses da minha vida, não lembro de ter chorado mais na minha vida do que em maio/junho de 2011. Dia sim, dia também é cinza, reclamo das mesmas coisas todos os dias, brigo com o meu marido por motivos idiotas e só durmo depois que canso de chorar no travesseiro. UFA, passou. Cansada de tanto levar porrada e não reagir, decido que vou a luta e os outros que me esqueçam, só vão me ver passar a mil deixando só a poeira pra trás. Como sou idiota, juro que acredito que as coisas mudam da noite pro dia. Revoltada agora, resolvo que vou trocar de emprego, pro idiota do meu chefe saber que eu não gosto de trambique e não apoio trambique (matéria-prima vencida desde 2008 é muito mais que trambique, deveria ser cadeia e um processo). Já não faço mais questão de conversar com a minha colega chata e fanha, sim, além dela parecer um cavalo de cara com cérebro de ervilha, ela é fanha, mas é gostosa, o que faz ela se achar um pecado, fanha, é só isso que eu penso. Currículos novamente espalhados por diversas farmácias de manipulação. Quero um emprego decente, só isso. Eu amo trabalhar, eu amo o que faço, e faço muito bem feito, mas pra isso preciso de um lugar decente para exercer minha profissão. Revolucionária. Meus pais comunicam que vem me visitar, e dessa vez ficarão mais de 12h. Ansiedade, saudade, carência, tudo misturado. Fico feliz e nervosa ao mesmos tempo. O cachorro que uivava todo o dia será levado pela minha mãe, agora sim, tudo é motivo de festa e alegria. Meus problemas estavam sendo resolvidos um a um, depois de 2 meses chorando sem fazer nada, eu tinha reagido. Chegada dos meus pais, tudo é felicidade, e eu sou a filha mais amada do mundo. Meu marido é o genro mais amado do mundo. Somos felizes. Até o terceiro dia, quando meu pai me lembra o motivo pelo qual nunca mais voltei a morar com os meus pais. Claro, muito perfeito pra ser verdade. Quando nada mais pode piorar, acredite, sempre piorará. Numa manhã de sexta, eu estou fazendo o meu trabalho como de costume, chamo a atendente para me tirar uma dúvida, e juntas não chegamos a um acordo, um deboche aqui, outro ali, todos da parte dela, e uma resposta mais ríspida minha. Imbecil. Foi disso que ela, justo aquela ameba sem cérebro que não sabe nem escrever, me chamou. Eu? Paciência tem limite e a minha acabou naquele momento. Estava querendo trocar de emprego, então vamos trocar de emprego. Mais uma das minhas decisões impulsivas (mas que no final sempre dá certo). Ganho o aviso e escolho sair 2h antes todos os dias. Minha vida se transforma e eu volto a ser feliz. Faço muitas entrevistas, afinal agora eu quero escolher. Me desespero, quase entro em pânico, mas no fim tudo dá certo. Arranjo um emprego melhor, deixo de lado certas pessoas pra não ter mais incomodação, me agarro no meu marido e agradeço por ter ele sempre ao meu lado, agradeço a Deus por tudo ter dado certo, me chicoteio que me "PRÉocupo" demais, dou um suspiro e durmo tranquila. Se não fosse comigo, seria engraçado. Fui.
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