Rota de fuga

Se por acaso fujo, não é por falta de luta. 
Qualquer abandono exige coragem. 
Qualquer fuga tira um pedaço de nós que não volta. 
É preciso força até para desistir. (Verônica H.)

Então eu desisto, resolvo que não sou do amor, que não sou para amar. Aí você cruza a minha frente e eu esqueço de tudo que disse a um minuto atrás. Esqueço da promessa de não responder mais as tuas mensagens. Esqueço do teu sorriso malicioso que me torna uma idiota. Esqueço daquela vez que você combinou comigo e desmarcou em cima da hora. Esqueço que você não presta e que é justamente por isso que é tão bom.

Talvez eu devesse parar de tentar te evitar, até porque eu nunca consigo te evitar de fato. Não sei o que acontece, ninguém consegue o que tu consegue, ninguém me tem(ou teve) como tu me tens. Que poder é esse que tu carrega que me faz tua refém?

Quando esqueço do teu sorriso, me deparo com o teu cheiro, com o cheiro do teu perfume que gruda na minha pele, da saudade que se instala aqui dentro toda vez que a gente se despede. Então lembro da tatuagem no braço e de como eu gosto de deitar a cabeça ali e imaginar que um dia tu vai ser só meu. E sem falar nos teus ombros largos e no teu abraço, que é justamente o lugar que eu gostaria de morar para sempre.

E assim, nesse jogo de esconde esconde, eu não consigo esconder que estou nas suas mãos, e você se aproveita da situação e me faz mais uma prisioneira em seu coração. Lugar frio, cheio de outras presas fáceis, divido a cela com mais sete, tolas, inebriadas no teu cheiro e apaixonadas pela tua boca. Todas elas relatam a mesma história, o que só comprova o quanto você não presta.

Daí decido por fim, essa será a última vez, a última noite. Minha rota de fuga já está planejada. Ninguém sabe, mas vou tentar de novo, fugir sem olhar pra trás, sem lembrar do brilho dos teus olhos, sem lembrar de ti. Essa noite arrancarei as grades e fugirei para outro lugar, outro país. Mudarei o meu nome e o meu cabelo, só pra você nunca mais conseguir me encontrar.

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