SAUDADES

Saudades é um sentimento engraçado...

Quando eu tinha 16, era apaixonada por um cara, e ele morava numa cidade distante da minha (tudo bem, não tão distante, uns 200km eu acho), e eu chorava insandecida e copiosamente, dia sim, dia também, como só se faz quando se tem 16, e dizia que ele era o amor da minha vida, e imaginava vários momentos lindos e maravilhosos com ele (que óbvio, nunca vieram a acontecer hahaha), e nessa época, todos os dias quando eu escrevia no meu diário, começava com a palavra SAUDADE...

Nossa, tenho uma lembrança muito clara de como aquela saudade doía... Machucava pra valer... Era uma dor incrível, boa e ruim ao mesmo tempo... Boa, porque me fazia recordar de momentos incríveis, e ruim porque doía muito, mas não era uma dor emocional, aquela saudade havia se transformado em uma dor física, um aperto horrível no peito, como se alguém pegasse o meu coração e espremesse até não sobrar nada...

Depois dele, gostei de mais um, "o último cara por quem eu me apaixonei"... Aos 19... Um garoto que eu beijei uma semana antes do carnaval, as 7 da manhã, no estacionamento... Ele tinha sido o terceiro cara que eu tinha beijado naquela noite, e foi o único para quem eu dei o meu telefone... No meio daquela semana, nos encontramos... Ele era bem diferente do que eu me lembrava (e naquela época nem tinha orkut para refrescar a memória), mas mesmo assim achei que ele valesse a pena... Resumindo, contaminada de novo, diagnóstico? Paixonite aguda...

No final de semana seguinte, cada um foi para um lado pular carnaval... E eu, beijei mais algumas bocas... Sim, estar apaixonada nunca me impediu de conhecer outras pessoas hahahaha...

E assim foi, durante uns 5 meses eu jurava para a minha mãe, que ele era a minha alma gêmea... Ficávamos horas (e horas, e mais horas, a madrugada toda...) no telefone, falávamos sobre tudo e sobre nada, e cada dia eu ficava mais apaixonada... Ele era um nerd, moreno, meio gordinho, um pouco retardado, e o beijo nem era muito bom, mas eu era apaixonada mesmo assim... E sem maiores explicações, um belo dia, nos afastamos (leia-se nas entrelinhas: tomei um pé na bunda)...

E quando terminou, eu chorei, bati o pé, odiei e tudo mais que se tem direito... E naquele dia, em agosto de 2003, eu jurei que nunca mais na minha vida, eu iria me apaixonar...

Sabe aquele lance de que devemos ter cuidado com o que pedimos, porque as vezes os nossos pedidos se realizam? Foi bem isso que aconteceu... Depois desse, nunca mais me apaixonei de verdade... Conheci vários caras interessantes, sim... Gostei de vários de maneiras completamente diferentes... Mas nenhum que me fizesse chegar pra minha mãe de novo e dizer: MÃE, É ELE... TENHO CERTEZA QUE É... Nunca mais ela ouviu isso de mim...

E agora, em 2008, me pego escrevendo sobre estas coisas sem importância e sem nexo... Só para dizer que sinto saudades... Saudades de quando eu me apaixonava num piscar de olhos... Saudades dessa época em que tudo era definitivo, era tudo ou nada, sem meio termo... De quando tudo era encanto, e que a verdade pouco importava, porque o que realmente importava era a velocidade que o coração batia, o suor das mãos e as borboletas no estômago... Era a vontade de gritar pro mundo inteiro ouvir, que eu era apaixonada pelo fulano, e que eu era muito feliz... Mesmo que essa felicidade durasse apenas alguns meses, e as vezes, somente algumas semanas...

A minha felicidade de hoje é bem diferente dessa. A de antigamente era mais real, mais pura, mais verdadeira, sem medo, sem segredos, sem joguinhos, sem muros, sem querer nada em troca... Era simplesmente a felicidade... E é disso que eu sinto saudades!!!!